
Ainda bem que foi proposto um trabalho, porque a aula de fotografia andava meio parada e apesar do tema ser meio sacana nós mandamos muito bem, modéstia parte, rsrsrs! O Humberto, professor, chegou como de costume naquela pilha grudou na losa e começou a escrever – Trabalho de fotografia, tema: “sete pecados capitais”.
- Como assim, é pra fazer o que?
- Bater as fotos relacionadas ao tema!
- De todos os pecados?
- É eu pensei de cada grupo escolher um, mas pode ser assim!
- Não professor, todos vai dar muito trampo!
- Não vai dar não, assim é melhor!
- Vocês que sabem, mas acho melhor cada grupo fazer fotos de todos então.
- Pra quando?
- Pode ser pra outubro, novembro!
- É para fazer as fotos no estúdio?
- Dê preferência, galera chega de perguntas! É isso ai que eu falei qualquer dúvida depois a gente conversa!
Após essa discussão direta e objetiva com o professor reunimos o grupo para pensar no desenvolvimento do trabalho. Um fato relevante para criação do projeto aconteceu uma semana antes: eu estava na rua de casa voltando do trabalho e encontrei um morador de rua mancando, com os dois pés envoltos por sacos plásticos, devia estar andando a meio km/hora. A galera na rua não estava nem ai para o senhor, nem as tias que ficam o dia inteiro fofocando por ali deram alguma coisa para ele calçar, eu fico imaginando quanto tempo esse senhor andou sem ser percebido. Aproximei-me dele, pelo que percebi não estava chapado e também se estivesse não importava, porque a cachaça é uma fuga deles para esse mundo ingrato. Perguntei se não tinha sapato, ele disse que haviam lhe roubado tudo que levava, falei para ele esperar um pouco ali na calçada que eu iria buscar um par em casa. Subi para o meu apartamento e juntei umas camisas, dois pares de sapatos e meias em uma bolsa de alça da CVC que eu ganhei de brinde, aproveitei e peguei um pacote de bolacha. Desci a rua e encontrei o senhorzinho sentado na calçada, ele estava mexendo no pé, não sei como tinha chegado naquele estado, a sola inteira em carne viva. Eu e ele começamos a conversar enquanto experimentava os sapatos, não me lembro muito bem do seu nome, eu sei que a gente ficou conversando por umas duas horas sobre assuntos diversos a caminho do bar onde eu comprei dois salgados, mas como eu precisava ir para faculdade e ele andava muito devagar mostrei o caminho do S.O.S (instituição que abriga moradores de rua) e voltei para casa. Essa é uma história cheia de detalhes, não vou descreve-los aqui senão o negócio vai longe! Quando eu cheguei na faculdade fiquei pensando que podia ter ajudado muito mais aquele senhor, pelo menos eu consegui resolver o problema dele naquele momento. Com esse sentimento fraterno aflorado propus realizarmos as fotos com moradores de rua para o trabalho “sete pecados”, assim a gente podia conhecer, ajudar e alertar outras pessoas para a causa.
Assim surgiu o projeto “SE7E PECADOS” – Pecado é não ter opção.
Um comentário:
Fred!!
Ficou muito bom rapaz!Cara você está de parabéns...muito interessante o Doc.
Sucesso sempre.
Abraço irmão!
Postar um comentário